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Ponencia de Flavia Leme de Almeida, Instituto de Arte- Universidad del Estado de San Pablo- UNESP


NO INICIO ERA O BARRO:
Mitos indígenas latinos americanos ligados ao fazer artístico da cerâmica

Flavia Leme de Almeida[1]

RESUMO:

Esta pesquisa versa sobre algumas mitologias indígenas latino-americanas que explicam a origem do barro e de certos rituais ligados ao fazer artístico da cerâmica. Esses grupos, organizados de modo a definir claramente os papéis dos homens e das mulheres, determinados por suas diferenças fisiológicas, desconheciam os processos de fertilidade - tanto da terra, quanto da mulher. Por este motivo, atribui-se às mulheres poderes místicos e sagrados correlacionados à terra. Talvez seja esta a explicação mais eloquente sobre a provável relação ritualística e mítica entre a mulher e a cerâmica. E é por meio dos mitos e historias, em um processo de educação não formal, que as sociedades se regularizam.

PALAVRAS-CHAVE:
Barro; ancestralidade; fazer artístico.

INTRODUÇÃO:
 Uma das muitas maneiras de se conhecer e se aprofundar na reconstituição da historia de nossa ancestralidade é por meio dos artefatos cerâmicos, pois eles são um dos poucos substratos arqueológicos que sobreviveram com o decorrer do tempo.  Montar o quebra-cabeça para identificar e explicar o modus vivendi dos nossos antepassados é um dos desafios enfrentados pela arqueologia. Os substratos imateriais, originários da tradição oral nas comunidades indígenas, fazem parte do domínio da antropologia. Há de fato uma longa e fragmentada gênese indígena que acaba por dificultar a construção de uma história mitológica na sua integra. Sob esta ótica, é possível compararmos ambas as ações de pesquisa e construção realizadas pelos que estudam a arqueologia e os que se enveredam pela área da antropologia: o arqueólogo, ao juntar os fragmentos da cerâmica, pode reconstruir, por exemplo, um recipiente se utilizando de materiais contemporâneos para preencher as partes ausentes; já o antropólogo, junta os fragmentos oriundos da cultura oral indígena para reconstituir as mitologias sob o olhar contemporâneo, preenchendo de certo modo, as lacunas que envolvem as histórias.

METODOLOGIA:

Neste artigo traremos de alguns dos mitos existentes em certas culturas indígenas das Américas que relacionam a mulher ao fazer da cerâmica[2]. Para desenvolvermos esta analise, teremos como fundamentação teórica os escritos do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, especialmente na pesquisa de seu livro “A Oleira Ciumenta”[3] , o livro da Profª Drª Lalada Dalglish “Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha”[4] e o livro da antropóloga e pesquisadora Betty Mindlin “Moqueca de Marido”[5] e parte da dissertação de mestrado da autora[6], no qual um capítulo é destinado a dissertar sobre os mitos que relacionam a matéria argilosa com a mulher, em algumas comunidades tribais das Américas, assim como outras pesquisas acadêmicas que versam sobre essa temática.

Certos mitos, que remetem às explicações sobre a origem e a função da argila entre os humanos, mostram uma clara ligação com as mulheres e seus afazeres dentro da comunidade indígena. Para os Jivaro[7], por exemplo, a proximidade fonética das palavras mulher "nua" e cerâmica "nui" faz uma conexão entre a mulher e a argila, pois para o pensamento dos índios, o vaso de argila é uma mulher – é tarefa da mulher fabricar e utilizar os recipientes cerâmicos, já que a terra, a argila, tem alma de mulher. De um modo poético, o mito que explica a origem da cerâmica funde-se com o mito da criação, pois em seu entendimento a abóboda celestial é, na verdade, uma grande tigela de cerâmica azul. No mito da criação das espécies, onde o Sol e a Lua (feita de barro) se relacionam e geram seres como o Preguiça, o Boto, o Pecari e a Mandioca, dois ovos: um que se perde e o outro que nasce Mika, que além de ser a padroeira da olaria, é o nome ritualístico dos grandes vasos cerâmicos em que se coloca a chicha[8] a ser consumida nas cerimônias. (LÉVI-STRAUSS, 1985, p.28)

Ao redor da mitologia sobre a origem da cerâmica, também existiam rigorosos métodos de retirada e preparo da argila, com muitas restrições e proibições, como por exemplo, não ser permitido sua retirada em época de colheita ou quando estivessem menstruadas. A cerâmica era, portanto, uma atividade quase que restrita às mulheres, na maioria das vezes de caráter sagrado, e envolta em uma série de especificidades e cuidados. Na aldeia dos Yurucare (que habitam o sopé dos Andes ao sul), as mulheres escondiam-se em um local afastado para construir seu abrigo e celebrar seus ritos com o barro, em um lugar de difícil acesso e que fosse protegido dos trovões, não pronunciavam nenhuma palavra ou ruído, se comunicavam por meio de gestos e mímicas, pois elas acreditavam piamente que qualquer ruído pudesse trincar os potes durante a queima. Seus maridos deveriam se manter longe durante este processo, caso contrário era certo a morte dos doentes da aldeia. Outro mito que segue essa mesma linha de conduta é dos índios Waura da família linguística arawak da região do Alto Xingu, onde uma serpente sobrenatural que possui diferentes tipos de recipientes, habita um local onde há muita argila e, para retirá-la, é preciso ter muita cautela e fazer de modo vagaroso e completamente silencioso. (LÉVI-STRAUSS, 1985, p. 31, 32 e 34)

No livro “Moqueca de Marido” da antropóloga Betty Mindlin, que é resultado de uma vasta pesquisa sobre mitos indígenas brasileiros, podemos encontrar um mito chamado “A mulher de barro” narrado por Etxowe Etelvina Tupari[9]  que conta a historia de uma mulher que queria cozinhar a chicha de um modo especial para seu marido, mas não tinha potes para fazê-lo. A mãe da moça para ajudá-la, se oferece para se transformar em barro, usando seu corpo como pote para que a bebida pudesse ser fermentada – o interessante neste mito é que as partes do corpo da mulher usadas para sorver o liquido eram a vagina e o útero  (a mulher deveria ser colocada de cabeça para baixo e sempre ser abastecida de água, ou seja, não poderia secar para que o calor do fogo não queimasse o coração). Depois de pronta a bebida, a moça desemborcava a mãe que tornava a ter a forma humana novamente, tudo era feito de modo secreto, pois ao marido não era permitido saber que aquilo que bebida provinha da genitália de sua sogra (que mesmo limpa pela filha, obviamente, esta situação se apresenta como uma questão de tabu com relação às questões pertinentes ente um genro e uma  sogra). O marido da moça fica deliciado com a chicha, mas a amante do marido, por ciúmes da situação, descobre como a mulher prepara a bebida e conta para ele. Este, por sua vez, fica furioso quebra o pote de chicha, ou seja, transforma a mãe da moça em pedacinhos que, toda em cacos, vai para o mato onde se transforma definitivamente em barro. As outras mulheres da aldeia, ao descobrirem esta situação, vão tirar o barro para produzirem os mais belos potes. A moça, agora grávida, chora de saudades da mãe e se sente incapaz de fazer potes. Mais uma vez sua mãe a ajuda, dizendo que só daria as cinzas de barro para as outras moças e para a filha a mais linda cerâmica que já existiu. A moça então recebe as cerâmicas da mãe (todas lindas e prontas) e as esconde no mato, para aos poucos levar para aldeia, onde é cobiçada e invejada pelas outras mulheres. (MINDLIN, 1997, p.119-121) Neste mito podemos ver claramente como a cerâmica está envolta a regras e condutas sociais (relação entre marido/esposa, homem/mulher, mãe/filha, genro/sogra, homem/amante), as questões de metamorfose (gente/barro; barro/cerâmica), ritualísticas (mulher/pote/mulher: a cerâmica é possuidora de poderes humanos e deve ser respeitada e cuidada como tal). (VIDAL, 2011, p. 108)

Lévi-Strauss, ainda no livro A Oleira Ciumenta, nos conta que as mulheres da tribo Jivaro não deveriam apenas saber fazer cerâmica, mas saber fazê-la de modo satisfatório: "Para merecer um marido bom caçador, uma mulher tem de saber fabricar uma louça de qualidade, para cozinhar e servir a caça. Mulheres incapazes de fazer cerâmica seriam, realmente, criaturas malditas." (LÉVI-STRAUSS, 1985, p.33). Podemos perceber que a relação entre os papeis masculinos e femininos são muito marcados em comunicades indigenas de um modo geral, pois à mulher cabia o poder de gerar novos seres, cuidar, alimentar e fazer a cerâmica - as mulheres eram as responsáveis pelo plantio e colheita da lavoura, pela coleta, feitura e queima do barro, assim como pela gestação e o cuidado para com os filhos. Aos homens cabiam todos os esforços que exigissem a locomoção para fora da aldeia, seja a caça, a pesca, as lutas, as armas e tudo o que despendesse da força física. A diferenciação física entre homens e mulheres era evidente para os nossos ancestrais e este era, até então, o único modo de se explicar a dicotomia entre ambos. Capazes de gerar e manter novas vidas, as mulheres detinham certa magia e poder sobre os homens: o mistério da procriação as envolvia. Essa capacidade criadora era algo não só inexplicável, como também de extrema importância, por ser o modo de perpetuar a espécie. E essas primeiras sociedades estruturadas e mais estáveis, pelo fato de estarem aprendendo a dominar técnicas da agricultura e pastoreio, tinham em comum o culto à Grande Deusa, também conhecida por Mãe-Terra ou Pachamama[10]. A esse respeito a Profª Drª Lalada Dalglish explana, em poucas palavra, essa relação:

Os vários povos primitivos que deixaram de ser nômades e passaram a praticar a agricultura desenvolveram técnicas artesanais com fins utilitários e ritualísticos. A terra, de onde brota a água e alimento, passou a ser associada a fertilidade da mulher, que, por sua vez, também podia gerar filhos; nasce aí o culto às "deusas da fertilidade", associado ao ciclo das colheitas. Em todas as culturas por onde apareceram, estas deusas votivas adquiriram diferentes nomes, mas possuíam as mesmas intenções votivas associadas à fertilidade. (DALGLISH, 2006, p.22)

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Para entendermos a relação dos rituais, dos mitos ligados ao fazer artístico da cerâmica e ao corpo feminino, é preciso que olhemos para o mistério envolto as transformações que ambos (cerâmica e a mulher) são capazes de se submeter, voluntária ou involuntariamente. Mesmo com toda tecnologia e avanço da ciência, com inúmeras descobertas nos campos da biologia, química, física, medicina, ainda são necessários dois seres (um homem e uma mulher) para se formar um terceiro e este, por sua vez, necessita ser acolhido em um ventre para se formar. As comunidades tribais, que lidam diretamente com o plantio e caça para sua sobrevivência, que lutam entre si, guerreando por terra, dependem da reprodução para se manterem. Afinal, qual sociedade não vive dentro dessa ótica?

As comunidades tribais dependiam sobremaneira deste papel reprodutor, gerador, agregador, mantenedor das mulheres, para continuarem vivos. Essa capacidade criadora era algo não só inexplicável, como também de extrema importância, visto que este era o único modo de perpetuar a espécie. Diz Joseph Campbell [11] que até recentemente, papel social da mulher era de garantir a preservação da nossa espécie - a relação do homem com essa função era quase inexistente.  "E, à maneira dos homens primitivos, a função do macho nessa sociedade é preparar e preservar um ambiente no qual a fêmea possa gerar os espécimes futuros." Fica evidente a diferenciação dos papéis de cada um. "E seus corpos são distintamente adequados para desempenhá-los." (CAMPBELL, 1990 b, p.8 e 9) A importância da mulher nas sociedades ancestrais era também ressaltada pela ideia de associação do nascimento dos frutos (na agricultura) com o nascimento dos filhos (na procriação). Essas sociedades mais estruturadas e estáveis, pelo fato de estarem aprendendo a dominar técnicas de agricultura e pastoreio, tinham em comum o culto à Grande Deusa. Campbell compara o poder de procriação da mulher na era pagã, ao mesmo poder gerador existente no reino vegetal: "A mulher dá a luz, assim, como na terra se originam as plantas. A mãe alimenta como o fazem as plantas. Assim, a magia da mãe e a magia da terra são a mesma coisa. Relacionam-se." O autor afirma que a "personificação da energia que dá origem às formas e as alimenta é essencialmente feminina. A Deusa é o próprio universo. Tudo quanto você vê, tudo aquilo em que possa pensar, é produto da Deusa." (CAMPBELL, 1990 b, p. 177)

As mulheres não eram responsabilizadas por sua gravidez em povos que mantinham tais crenças, ou seja, de que a gravidez não dependia da relação sexual humana. Simone de Beauvoir afirma que nesse período era desconhecida a participação do pai na procriação, pois apenas a mãe gerava em seu ventre a criança e, depois de parida, era ela quem amamentava e nutria os filhos, garantindo assim, a perpetuação do clã. "Com, efeito, os povos primitivos não acreditam que o homem tenha alguma importância na reprodução" alguns, inclusive, acreditavam que o papel do homem na relação sexual era apenas o de romper o hímen para dilatar a passagem ao verdadeiro agente semeador: os raios lunares. [12] Se a mulher engravidasse era sempre por um motivo externo a ela, talvez pela ação da lua, por ter ingerido determinado alimento, ou por algo místico. O fato de elas poderem procriar não tinha relação com o ato sexual. Em sociedades ancestrais como essas que estamos considerando, não existia nenhuma restrição à relação sexual, de maneira que a conexão entre a gravidez e o sexo poderia nem ser relacionado. E como a duração exata da gravidez foi conhecida apenas em um estágio de cultura muito mais recente, era plausível que nossos antecessores não relacionassem esses fatos. Para Getty (1997) "não existiam filhos ilegítimos nem mulheres 'marcadas', porque não se atribuía valor nenhum à paternidade. 'O filho de um é filho de todos', como dizem os Ibos da África em certos cânticos." (ALMEIDA, 2009, p. 37 e 38)

Deste modo, não é difícil entender como e porque as culturas ancestrais valorizavam e cultuavam amplamente o universo feminino. Eram desconhecidos tanto os processos de germinação da semente quanto a gestação na mulher, logo, não seria estranho que se atribuíssem às mulheres poderes místicos e sagrados, também ligados a terra. Assim como a argila que é maleável e se transforma durante o processo de modelagem até torna-se completamente rígida depois da queima (transmutação pelo fogo), a mulher passa mensalmente por transformações desde que entra em sua primeira lua (menstruação) e nas alterações graduais de seu corpo durante a gravidez. Portanto, podemos considerar ser plausível a relação ritualística e mítica entre a cerâmica e a mulher.

De fato, sabemos que por meio da tradição oral os mitos e ritos são perpetuados e as sociedades são regularizadas. Sob esta ótica, podemos afirmar que este é também  um modo de educação não formal.
  
BIBLIOGRAFIA:

Livros
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990 b.
DALGLISH, Ladada. Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.
HOUAISS, Antonio (1915-1999) e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, elaborado no instituto Antonio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Portuguesa S/C Ltda. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LÉVI-STRAUSS, Claude. A Oleira Ciumenta; tradução de José António Braga Fernandes Dias. Lisboa: Edições 70, 1985.
MINDLIN, Betty. Moqueca de maridos, mitos eróticos. Betty Mindlin e narradores indígenas. Rio de Janeiro: Record, 1997.

Teses e dissertações
ALMEIDA, Flavia Leme de. MULHERES RECIPIENTES: recortes poéticos do universo feminino nas artes visuais. São Paulo, 2009 - 350 páginas. Dissertação - Mestrado, Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista - UNESP. Orientadora: Profª Drª Geralda Mendes F. S. Dalglish (Lalada). Palavras-chave: Cerâmica- Deusas da fertilidade; Arte Contemporânea; Mulheres Artistas; Movimentos Feministas; Cerâmica.
SANTOS, Regina Maria dos. Os discursos sobre a mulher entre o sagrado e o profano. OPSIS-Revista do NIESC, vol. 6, 2006. Disponível em: www.catalao.ufg.br/historia/revistaopsis/arqpdf/OPSIS2006.pdf.
VIDAL, Jean-Jacques Armand. A ceramica do povo Paiter Suruí de Rondônia: continuidade e mudança cultural, 1970-2010. São Paulo, 2011. 142 f.  Dissertação - Mestrado, Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista - UNESP. Orientadora: Profª Drª Geralda Mendes F. S. Dalglish (Lalada). Palavras-chave: Cerâmica; Suruí. Rondônia; Artesanato.
VOLPATTO, Rosane. Pachamama, a Deusa de toda a vida. Disponível em: http://rosanevolpatto.trd.br/Pachamama.html


 |Flavia Leme
|Flavia Leme de Almeida
|São Paulo, SP | 1978
|Vive e trabalha em São Paulo
|Currículo Lattes:
|+ 55 11 994563333


Resumo das qualificações
Doutoranda em Artes Visuais na Linha de Pesquisa Processos e Procedimentos Artísticos pela Universidade Estadual Paulista - Instituto de Artes pelo Instituto de Artes da UNESP. Mestre e Bacharel em Artes Visuais pela mesma instituição. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Cerâmica. Sua pesquisa está voltada para as mulheres artistas que enfocam o universo feminino como mote para desenvolverem suas produções artísticas. A cerâmica é o suporte principal da sua obra plástica. Atua profissionalmente no Sesc São Paulo como animadora cultural na área de Artes Visuais e Oficinas de arte. Ministra voluntariamente aulas de cerâmica na UNATI - Universidade Aberta à Terceira Idade no Instituto de Artes da UNESP.

Formação Acadêmica

2014/2018 - Doutoranda em Arte (conceito CAPES 5) |Universidade Estadual Paulista - Instituto de Artes - UNESP
2007/2009 - Mestrado em Artes Visuais |Universidade Estadual Paulista - Instituto de Artes - UNESP 2000/2003 - Graduação Bacharelado em Artes Plásticas| Universidade Estadual Paulista - Instituto de Artes - UNESP
1996/1998 - Arquitetura e Urbanismo |Universidade São Marcos -SP

Publicação

Livro Digital – Mulheres Recipientes: Recortes poéticos do universo feminino nas artes visuais

 http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=148

 Exposições Coletivas
2013 -ARTE 117 CERÂMICA: A ARTE DO FOGO |Centro Cultural Geraldo Pereira Bragança Paulista- SP
2010 - 3º SALÃO NACIONAL DE CERÂMICA | Museu Alfredo Andersen– PR
2009 - 2º SALÃO NACIONAL DE CERÂMICA | Museu Alfredo Andersen– PR
2003 - 3º SALÃO DE ARTE DO GRANDE ABC | Espaço Henfil de Cultura SBC - SP
2003 - COTADATERRA | FUNARTE – SP





[1] Flavia Leme de Almeida; São Paulo, Brasil; 15/03/1978; Graduação em Bacharelado em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da UNESP; Mestre em Artes Visuais com ênfase em Cerâmica pelo Instituto de Artes da UNESP; Doutoranda em Artes Visuais com ênfase em Cerâmica pelo Instituto de Artes da UNESP sob a orientação da Profª Drª Geralda Mendes F. S. Dalglish (Lalada); Professora voluntária de Cerâmica na UNATI (Universidade Aberta à Terceira Idade) - UNESP; flalemeal@gmail.com; Este artigo é parte da pesquisa de mestrado e doutorado da autora – faz-se necessário informar que as informações oriundas do mestrado já foram publicadas e estão devidamente sinalizadas no texto.
[2] Segundo o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss existem apenas algumas poucas comunidades tribais onde a cerâmica é feita pelos homens "Caso raro, mas não único na América do Sul, entre os Urubu, Tupi do Maranhão, a cerâmica é uma tarefa masculina. [...] Sem pretender remontar às origens, o fato é que, na América, o mais freqüente é a cerâmica ser uma tarefa feminina." (LÉVI-STRAUSS, 1985, p. 38).
[3] LÉVI-STRAUSS, Claude. A Oleira Ciumenta; tradução de José António Braga Fernandes Dias. Lisboa: Edições 70, 1985.
[4] DALGLISH, Ladada. Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.
[5] MINDLIN, Betty. Moqueca de maridos, mitos eróticos. Betty Mindlin e narradores indígenas. Rio de Janeiro: Record, 1997.
[6] Almeida, Flavia Leme de. MULHERES RECIPIENTES: recortes poéticos do universo feminino nas artes visuais. São Paulo, 2009 - 350 páginas. Dissertação - Mestrado, Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista - UNESP. Orientadora: Profª Drª Geralda Mendes F. S. Dalglish (Lalada). Palavras-chave: Cerâmica- Deusas da fertilidade; Arte Contemporânea; Mulheres Artistas; Movimentos Feministas; Cerâmica.
[7] Os Jivaro são uma tribo localizada na fronteira entre o Equador e o Peru, nas encostas orientais dos Andes e em seu sopé.  São conhecidos pela antiga arte de "encolher cabeças" - arte atualmente não mais praticada. (LÉVI-STRAUSS, 1985, p.21)
[8] Chicha s.f.1. bebida alcoólica, geralmente feita com mandioca, mel e água, mas também com milho ou frutas fermentados.[...] ‘espécie de cerveja da América do Sul e da América Central feita principalmente de milho fermentado’, em muitos países da América Latina; no México, ‘aguardente de cana’, prov. de chichah (co-pah) [...]. HOUAISS, Antonio (1915-1999) e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, elaborado no instituto Antonio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Portuguesa S/C Ltda. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 699 
[9] MINDLIN, Betty. Moqueca de maridos, mitos eróticos. Betty Mindlin e narradores indígenas. Rio de Janeiro: Record, 1997.p. 119 a 121 
[10] Nas Américas pré-colombianas, "Pacha significa tempo na língua Kolla, mas seu significado engloba o universo, o mundo, o tempo, o lugar, enquanto que Mama é mãe. A Pachamama é adorada em suas várias formas: os campos arados, as montanhas como seios e os rios caudalosos como seu leite. Refere-se, também, ao tempo que cura as dores, que distribui as estações e que fecunda a Terra." Sua popularidade era imensa, principalmente para as populações rurais isoladas nas montanhas, que dependiam exclusivamente da natureza para subsistência. VOLPATTO, Rosane. Pachamama, a Deusa de toda a vida. Disponível em: http://rosanevolpatto.trd.br/Pachamama.html.
[11] CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990 b.
[12] BEAUVOIR, 1987 apud SANTOS, Regina Maria dos. Os discursos sobre a mulher entre o sagrado e o profano. OPSIS-Revista do NIESC, vol. 6, 2006. Disponível em: www.catalao.ufg.br/historia/revistaopsis/arqpdf/OPSIS2006.pdf.

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